segunda-feira, 30 de março de 2009

Brrrlak!

Esta mulher é um mundo. Pela música ligou o Congo à Bélgica, as vocalizações dos pigmeus ao hip-hop, a Europa ao Mundo e fechou o círculo revisitando as origens em África.

Fugiu à morte em pequena, sentiu a diferença da cor, fechou-se em casa para aprender e depois saiu para nos dar as Zap Mama. E estas (ou algumas destas) já deram frutos ao juntarem-se a Tony Allen, Erykah Badu, Me'Shell NdegéOcello, Ladysmith Black Mambazo, Sérgio Mendes ou ao Joe Zawinul Syndicate (como no caso da maravilhosa Sabine Kabongo).

Esta mulher faz obstinadamente boa música. Chama-se Marie Daulne, é belga e o seu nome confunde-se com as próprias Zap Mama.

Do primeiro álbum, de 1991, (comprei-o ainda editado pela belga Crammed) o clássico Brrrlak!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Farol

(fj) Cabo Mondego, Setembro de 2000

terça-feira, 24 de março de 2009

Marimba Ponies

Escusado será dizer da enorme alegria que foi ver isto!



"Marimba Ponies is a Japanese marimba ensemble group, comprised of 8 young percussionists ranging from 4 to 13 years in age. The primary objective of the group is to foster goodwill and friendship through the universal language of music. No conductors or music sheets are used by the J-Marimba Ponies. The music is memorized completely and flows out of the children's instruments through the use of their own individual rhythms and emotions."

E isto!

domingo, 22 de março de 2009

Send In The Clowns



Este post foi adiado várias vezes, por diferentes razões, mas, como adiante veremos, hoje é o dia certo para o publicar.

Nunca fui adepto de musicais. Para além de ter perdido bons filmes e espectáculos à conta deste preconceito, cada vez mais me apercebo de quantas músicas magníficas me passaram ao lado. Por incúria ou desatenção, o certo é que assim tem sido. Apesar disso há temas de filmes ou do teatro musical ao lado dos quais é impossível passar, por mais desatento ou desleixado que se possa estar (o que é muitas vezes o meu caso).

É o que acontece com este tema, “Send In The Clowns”, muito graças à versão de Barbra Streisand. Mas, apesar de nunca me ter passado ao lado, só recentemente o olhei e ouvi com a devida atenção. Melhor, com reverência, que é isso mesmo que ele merece.

Cruzei-me recentemente com várias versões desta enorme canção, sendo uma delas mais um exemplo de um interessante arranjo para os 5 clarinetes dos Sujeito a Guincho.

Mais tarde emocionei-me ao descobrir Judy Dench nesta interpretação da Desirée em “A Little Night Music”.
Algo de grandioso, imperdível!



E depois, fui à origem. Haverá melhor do que aprender um tema com o próprio autor? Stephen Sondheim, himself! Como deve ser fantástico - e ao mesmo tempo assustador - ter o privilégio de uma estudante de canto em receber assim a ideia do próprio autor acerca da sua própria música. Didáctica pura!



Nunca me interessei muito por musicais, como disse, nem pela obra de Stephen Sondheim em particular. Creio que são exemplos de coisas que às vezes é preciso aprender com o tempo, até descobrirmos pontos em comum. Nem que seja este: também ele hoje faz anos.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Finito l’inverno, tornava il sereno

Para o dia de hoje, em que o equinócio da Primavera traz o fim de um Inverno, Nicola Di Bari, “I giorni dell'arcobaleno”.




Em dias destes fica sempre bem o sol ou, ao menos, um arco-íris.
Ou dois, como neste caso.



(fj) Leiria, Janeiro de 2007

quarta-feira, 18 de março de 2009

Coisas que por aqui andam perdidas

Do álbum "We Are in Love" de Harry Connick, Jr., um tema desde sempre meu favorito.

Harmonia perfeita conseguida por apenas três instrumentos, nenhum deles harmónico.

Contrabaixo (Benjamin Jonah Wolfe), saxofone tenor (Branford Marsalis) e voz (Harry Connick, Jr.). Será preciso mais?

quinta-feira, 12 de março de 2009

O Condoninho da Renata

Eu, que nunca gostei de "big brothers", confesso, desta vez converti-me! Ando há vários dias a espreitar a vida de uma família, através de uma webcam que lhes puseram em casa.

Às vezes estou muito bem e de repente, olha, deixa-me lá ir ver como é que eles estão – e lá vou eu dar uma de voyeur.

A culpa disto é da FCCN, da REN, do Público e da RTP, entre outros, ao lançar esta ideia de acompanhar em directo, 24/24h, a vida de um casal de cegonhas, desde a incubação e nascimento de crias, até à sua eventual migração para outras bandas.

O ninho está instalado no cimo de um poste de muito alta tensão, ali para os lados de Vila Franca de Xira, e nele habita um casal de cegonhas-brancas.

Se tudo correr bem, lá para Abril nascerá a Renata, parece que assim se vai chamar.

A ver vamos. Será que vem no bico de uma cegonha?

terça-feira, 10 de março de 2009

Footprints

Andamos muitos a seguir-lhe as pisadas, há muitos anos.

O que com ele aprendemos está ainda por perceber e a felicidade pura que nos deu (e dá) não se esgota nem cabe aqui.

Amanhã continuaremos a seguir-lhe as pisadas, até ao Porto.

Wayne Shorter 4et
11 de Março, Casa da Música, Porto
Danilo Perez (p), John Patitucci (cb), Brian Blade (bt)

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domingo, 8 de março de 2009

Sehr langsam

Hoje irei adormecer ao som deste Adagietto, quarto andamento da Sinfonia nº5 de Gustav Mahler.

Irei fazê-lo, tal como o pediu Mahler para este andamento, muito lentamente.

Se alguém me quiser acompanhar, faça o favor.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Deslumbramentos – Trilogia - 1 de 3, começando pelo fim


Ah, pois, a tal voz... Mônica Salmaso.


Directo ao assunto: a qualidade da voz de Mônica Salmaso, a consistência e o requinte da obra que já reuniu (tem 5 CD's em nome próprio, 1 CD em parceria com Paulo Bellinati, 2 CD's com a Orquestra Popular de Câmara, para além de inúmeras participações) são monumentais!

Há três meses atrás não tinha sequer ouvido falar nela (conheci-a através do documentário "Vinicius", de Miguel Faria Jr.). Hoje, admito ou subscrevo várias das opiniões da crítica: “sheer beauty”, "gorgeous, quintessentially Brazilian voice", "one of the best voices to come out of the prolific Brazilian music scene in a long time", "the most pure singer in Brazil today". E outras do género.

Sejamos francos, alguém consegue ainda estar indiferente quando chega ao último acorde do piano nesta versão de “Ave Maria No Morro”?



Mônica Salmaso nasceu em 1971, em São Paulo. Ganhou vários prémios de relevo no Brasil, entre os quais vários como melhor voz a nível nacional. O primeiro CD da sua carreira é precisamente “Afro-Sambas” de 1995, uma obra de qualidade e de interesse enormes. Em parceria com o enorme guitarrista que é Paulo Bellinati, este álbum reune pela primeira vez todos os afro-sambas compostos por Baden Powell e Vinicius de Moraes.

De disco em disco, Mônica Salmaso ilustra com absoluto requinte os inúmeros géneros musicais do Brasil. A sua obra está transformada num verdadeiro arquivo musicológico de notável rigor e elegância – desde a música nordestina, os xotes e os forrós, até às bossas, sambas e choros – enfim, um sampler perfeito do que é o tesouro musical brasileiro.

No álbum “Noites de Gala, Samba na Rua”, de 2007, Mônica percorre desta vez uma boa parte do cancioneiro de Chico Buarque. A competência dos músicos que a acompanham levam-na a reconstruir superiormente os temas nossos conhecidos. Como este, “Construção”.



Desde que a conheci, Mônica Salmaso deu-me a conhecer grupos como a Orquestra Popular de Câmara ou o Quinteto Sujeito a Guincho. Mas acima de tudo continua, em nome próprio, a proporcionar-me horas a fio de puro deslumbramento musical. Como aqui, em “Joana Francesa”, imperdível!



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(e a fechar, é impossível não ver esta delícia de apresentação da banda)

quarta-feira, 4 de março de 2009

Deslumbramentos – Trilogia - 2 de 3, começando pelo fim

Subindo mais um lugar na classificação, chego à descoberta mais singular que recentemente fiz.

Acerca do clarinete há um aspecto conhecido dos músicos e que é particularmente temido pelos próprios clarinetistas. O guincho!

O guincho do clarinete é uma ameaça que paira em permanência sobre a reputação de qualquer clarinetista. Ocorre de forma intempestiva e quase sempre imprevisível. O guincho resulta da conjugação do accionamento das diferentes chaves do instrumento com o sopro que é aplicado sobre a palheta. Diz-se que nem o próprio Benny Goodman lhe escapou, tendo uma vez "guinchado" – certamente de forma brilhante – ao interpretar "Rhapsody in Blue" com a orquestra da NBC, a convite do maestro que então a dirigia, Arturo Toscanini. Mauzito, portanto...!

A ideia de chamar “Sujeito a Guincho” a um grupo de clarinetes é por isso apropriada. E assim cheguei ao Quinteto Sujeito a Guincho, uma vez mais por via da TAL voz, a tal de quem falarei mais tarde.

Aqui está o tema "Cidade Lagoa", um samba-choro que terá sido composto na década de 50 ou no início da década de 60, cuja letra se desenrola ao sabor da música com uma deliciosa ironia. Ao ouvir este arranjo pela primeira vez tive de parar, escutar e perceber que se trata apenas de cinco clarinetes e uma voz!



Não consigo escutar esta versão sem parar para perceber a complexa beleza do arranjo e sem esboçar um sorriso perante os sucessivos comentários bem-humorados e jocosos dos clarinetes. Um portento!

Já lhes conheço vários arranjos interessantíssimos (um deles imitando o som de pipocas a rebentar dentro de um microondas - 'The Microwave Popcorn'). Mas vale a pena referir aqui mais um, o arranjo feito pelo grupo para o Hino Nacional do Brasil.

Se todos os hinos nacionais assim fossem bem tratados, que prazer seria assistir a cerimónias oficiais!



(ahhh... pois, a tal voz... a ela aqui voltarei)

terça-feira, 3 de março de 2009

Deslumbramentos – Trilogia - 3 de 3, começando pelo fim

Tive em 2008 um deslumbramento musical que, como quase sempre acaba por acontecer, me conduziu a outras descobertas. Neste caso a outras duas. Falarei de todas, a partir do fim, numa espécie de anúncio dos três melhores classificados.

Deste modo, começo por aqui trazer a Orquestra Popular de Câmara.

A Orquestra Popular de Câmara é um agrupamento de músicos de formação clássica, baseados em São Paulo, cuja gama de instrumentos varia entre os clássicos da orquestra (flautas, piano, violoncelos, contrabaixo) e os da música tradicional brasileira (acordeão, viola caipira, bandolins, toda a gama de percussões). Num total de 13 elementos há, a juntar a estes, uma voz absolutamente excepcional. Mas desta falarei mais tarde!

No repertório e na forma de o tocar existe muito de Gismonti e Hermeto. Excelentes indicadores, portanto. Existe também outra referência - Maria Schneider Orquestra & Luciana Souza – à qual, graças à TAL voz, conjugada com a orquestra, é impossível não chegar.

Em resumo, a Orquestra Popular de Câmara mistura com elegância a erudição e um tremendo trabalho de pesquisa e de (re)arranjo dos temas e géneros tradicionais brasileiros. Mas não só, como aqui se demonstra com o clássico ‘Blackbird” de Paul McCartney.

Beleza recriada!



(ahhh... e a tal voz... a ela aqui voltarei)