A única vez que os vi, há já uns bons 10 anos, no Auditório da então recém inaugurada Biblioteca Municipal de Pombal, achei que eram uma coisa do outro mundo.
Fui para o concerto sem qualquer tipo de expectativa ou de preparação prévia. Apenas me tinham dito que devia ser uma “coisa gira”, uns cantores... assim, tipo “músicas do mundo”.
Apagam-se as luzes e entram no palco 4 homens, de ar simpático mas rude, vestidos com trajes tradicionais da sua terra natal, a Sardenha. Formam entre si um pouco mais do que um semicírculo, de olhos quase fechados, encerrados em si mesmos, e começam com isto.
É impossível ficar indiferente ao ouvir-se, e em especial ao presenciar-se, o canto a tenore. Assim se chama o canto polifónico de Bitti, na Sardenha, uma tradição com milhares de anos e classificada pela UNESCO como património imaterial da humanidade.
É um caso interessantíssimo de harmonia vocal compacta, com alterações bem marcadas de tonalidade, e um dos poucos exemplos de música tradicional que incorpora canto gutural e harmónicos vocais (onde uma nota fundamental e um harmónico são emitidos em simultâneo, neste caso harmónicos inferiores).
Não se ouve facilmente, é claro, mas vale a pena conhecer e perceber quais as suas regras.
Naquela noite saí do auditório ainda meio aturdido, comprei-lhes um CD, claro, e ficou claro também que eles eram - são mesmo - de outro mundo.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
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2 comentários:
conheço-os dd ha 2 anos, por aí.
e sao totalmente de outro mundo.
obg por este teu post, fiquei com vontade de os ouvir de novo.
(so que agora ando ofuscada c o cd da bartoli que me chegou hoje, vai dar post, talvez 5f que estou meia apertada de tempo)
ficamos então à espera da bartoli.
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