domingo, 26 de abril de 2009

El Sistema

Ontem, era no Coliseu dos Recreios que eu devia ter estado, a ver e ouvir Gustavo Dudamel a dirigir a Orquesta Sinfónica Juvenil Simón Bolívar.

Desta vez, o meu amigo Zé distraíu-se e não soubemos disto em devido tempo. Por isso tive de me ficar por aqui, a ver tubes. Ou seja, a ver o Dudamel por um canudo.

Neste caso, orquestra e maestro nos "The Proms", em plena exultação musical (após 3'30'' de aclamação).



Aqui, uma explicação acerca do fenómeno 'Gustavo, The Great' e "El Sistema".



E, a confirmar que os milagres não acontecem por acaso nem à custa de Magalhães tipo "toma-lá-e-agora-cria-te...", o responsável maior por tudo, José Antonio Abreu, o criador de "El Sistema".

7 comentários:

sem-se-ver disse...

fomos 3, então (que nos distraímos).


este projecto é dos mais maravilhosos que o Homem ao mundo deitou. prova, ao fim dos seus 35 anos de existência, que josé antonio abreu está certo - como todos os que apostam no poder criativo e redentor da música, e da música 'clássica' em particular.

as suas palavras sobre os benefícios, privados e públicos, de aprender música, particularmente em obras colectivas como uma orquestra, não podiam ser mais certeiras nem inspiradoras.

e, tal como ele, espero que 'el sistema' possa ser estendido a muitos, muitos países.

num, como o nosso, onde se matou a pouca educação musical que se dava às nossas crianças, e onde ela está absolutamente ausente a partir do 7º ano de escolaridade; num, como o nosso, que viu o actual ministério da educação maltratar e quase estrangular o ensino praticado pelos conservatórios; num, como o nosso, em que a música é mero veículo comercial para festivais de rock no verão e consumo de elites durante o ano (e pouco mais), dói saber como estamos atrasados, como somos incivilizados, como somos ignorantes - e como somos pobres, na definição que abreu recupera da madre teresa de calcutá. gente que não se sente ninguém / alguém. que não tem identidade.

está tudo dito.


(com tua licença, vou levar este ultimo video para o meu)

Rui disse...

4. Que coisa tão extraordinária. Que sentido da realidade do sonho. Obrigado, fj

fj disse...

ssv, rui,
obrigado por escreverem aqui palavras que eu não fui capaz. apenas me apetece comentar que acho admirável a sobriedade - a solenidade - do discurso do josé antonio abreu, em contraste com a alegria que jorra e resulta da sua obra. ou seja, a metáfora de que não há resultados sem trabalho, não há alegria sem antes haver esforço.
não pertenço ao ensino nem o conheço, mas parece-me que não é nada disso que hoje se pretende construir.

sem-se-ver disse...

querer construir-se isso que dizes, por parte dos profs, sim, fj, continua a ser.

mas abafados por ''políticas educativas'' desestruturantes (para não dizer mais), é difícil consegui-lo.

(hoje tive um dos maiores elogios - e, em simultâneo, um dos mais cruéis atestados do estado do ensino actual - quando alunos meus de 11º ano me classificaram de 'exigente'. fj, tal como lhes disse, 'eu? exigente? se me tivessem tido há 20 anos atrás morriam... isso é que era exigência [que hoje é já impraticável sob pena de chumbarem todos, acredita em mim]... e deixem que vos diga que tal não abona muito em favor de todos os meus colegas que tiveram até hoje'.

isto, para além de muito que poderia acrescentar, é que me preocupa, angustia e entristece.

fj disse...

ssv,
eu não me referia - mesmo - aos profs. ao dizer 'pretender construir', estava a pensar naqueles que definem políticas e dão meios e poderes para as executar. ou não dão. ou, pior, querem fazer crer que dão!

neste caso, para mal de nós, o verbo 'pretender' também pode ser lido com ironia, como deturpação do inglês "pretend" (fingir), como eu infelizmente já vi ser aplicado numa situação bem real!
:-))

às vezes as palavras traem-nos...

Anónimo disse...

Saltito daqui, saltito dali ou fico parada e depois... esqueço-me.
Como forma de estar em plena concordância com tudo aqui dito, quer no post como nos comentários, levei para o meu :-(

Espero que não se aborreça. Depois de feito é que digo.

fj disse...

caríssima lucubrina,

como é que me aborreceria? :-)
fico contentíssimo que o faça. se for sempre assim, isto é, "roubar" para estes fins, venha e roube à sua vontade. ah, e volte sempre!